Saudações!! Segue mais um ensaio que escrevi
durante uma disciplina do doutorado. Neste relacionamos os temas contidos no
título.
PANDEMIA,
ESCOLA E DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR
DOMINGUES, Taciano Luiz Coimbra
Ouvimos
um comentário que responsabiliza os professores pelo fechamento das escolas
durante a pandemia. O comentário provavelmente estava se referindo as aulas
presenciais, uma vez que os professores continuaram suas atividades docentes
através do ensino remoto. O comentário expressou culpabilização dos pais e
professores pela não ocorrência das aulas presenciais.
O Ministério da Saúde em Nota Informativa Nº
05/2020 – DGVS/SES/MS (BRASIL,2020) publicada em março de 2020 no “inicio da
pandemia no Brasil”, descreve uma série de cuidados que devem ser tomados para
se evitar o contágio com o Vírus Corona e entre eles o afastamento social.
Portanto a suspensão das aulas presenciais vai de acordo com as normas
sanitárias e não com a vontade de descanso dos professores.
Podemos compreender que o comentário ecoa duas
questões importantes no Brasil, a primeira é a incompreensão do que é uma
pandemia, um vírus e como acontece a sua proliferação. A segunda é da
desvalorização do principal profissional que trabalha com o conhecimento formal
e sua transmissão, ou seja; professor, docente etc.
Carl Sagan em seu livro O mundo assombrado
pelos demônios (SAGAN, 2006) descreve como a grande maioria da população ainda não
compreendeu a construção do conhecimento científico e seu funcionamento. Essa
afirmativa também é verdadeira para profissionais que passaram por formação
universitária. Esse autor discorre sobre a preocupação de um retorno ao
obscurantismo da Idade Média. Quando Sagan escreveu esse livro 1995, pareceria
improvável que 7% dos brasileiros acreditam que a terra é plana em 2019,
números constatados pelo Instituto Datafolha (GAIATO, 2020).
Essa pesquisa é apenas um indício da crise que
nosso pais passa já alguns anos. O Índice de desenvolvimento da Educação Básica
(BRASIL, 2019) em seus resultados em 2019, já estava aquém das suas metas, as
quais podemos concordar que são modestas comparadas a outras nações do mundo.
Outro
indicio importante de um “analfabetismo científico” (SAGAN, 2006) fomentado
pela crise na educação é o não cumprimento dos protocolos sanitários voltados
ao COVID 19, ou o uso abusivo de medicamentos sem eficácia comprovada para o
tratamento precoce dessa virose.
Aqui
chegamos a nossa segunda questão, uma desvalorização do professor. Essa
depreciação aparece na forma de: salários baixos, condições insalubres de
trabalho, falta de investimento em capacitação, desatenção à saúde física e
mental desse profissional.
Diante das questões aqui discorridas, torna
possível compreender que o comentário reflete o desconhecimento de como
funciona a ciência e do papel primordial do professor na crise que estamos
passando.
Referências
BRASIL, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Brasília, DF, 2019. Disponível em: <http://ideb.inep.gov.br/resultado/>. Acesso em 23 abr. 2021.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Nota Informativa Nº 05/2020 – DGVS/SES/MS. Brasília,2020. Disponível em:<http://www.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2020/03/NOTA-T%C3%89CNICA-N%C2%BA5_-COVID_19_-18_03_2020.pdf>. Acesso em 07 mai. 2021.
GAIATO, K. Milhões de brasileiros se declararam terraplanistas, diz Datafolha. Tecmundo, 2020. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/ciencia/150626-milhoes-brasileiros-declaram-terraplanistas-diz-datafolha.htm>. Acesso em 07 mai. 2021.
SAGAN, C. O mundo assombrado pelos demônios. Rio de Janeiro: Companhia de Bolso, 2006.
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