Farol Psicologia - Lins SP

A Farol Psicologia surgiu da idéia de criar um espaço para expor nosso trabalho como psicólogos e pensadores dos dias de hoje.
O farol é nossa inspiração, como um norteador no mar incerto, na incompletude.
Como psicólogos atuamos com as palavras, muitas vezes com o inacessível, e para isso buscamos na psicanálise, na psicologia, nas artes, na poesia, e outras "ciências" respostas, e por que não, mais perguntas.
Quem somos?

Mariana Rosa Cavalli Domingues

Psicologa Clínica e Judiciária
Psicóloga pela UEL, Especializada em Clinica Psicanalítica e Mestre em Filosofia pela UFSCar

@marircd

e
Taciano Luiz Coimbra Domingues

Psicólogo Clínico e Judiciário
Psicólogo pela UEL, Especializado em Terapia de Casal e de Família, Especializado em Terapia sexual e Mestre em Psicologia pela UNESP - Assis.


Rua José Garcia de Carvalho, 70 Lins - São Paulo,
tel.: (14) 99109 - 2016

quarta-feira, 28 de março de 2012

Afetividade na era digital


           Atualmente as relações humanas são cada vez mais mediadas por recursos tecnológicos, principalmente pelos meios digitais. A internet é o nosso maior exemplo disso. Existe uma série de jogos, sites e programas que simulam uma ligação (ou conexão) entre as pessoas. Na vida real posso ter alguns amigos, mas no mundo virtual posso ter dezenas de amigos. Contudo sempre fica a questão: eles são meus amigos de verdade?

            Uma coisa é certa, uma pessoa precisa de proximidade afetiva com outra pessoa para se tornar um ser humano. Daí vem a importância do pai e da mãe (ou de quem toma esse lugar) para a continuidade da vida, ou seja, nós precisamos de alguém que nos alimente, nos aconchegue, nos acalente e nos aqueça. Até hoje não conseguiram inventar um computador que tenha afetividade.
           
            A afetividade é a manifestação de nossos sentimentos e emoções, que podem ser positivos (amor, amizade, ternura etc.) ou negativos (ódio, raiva, vingança etc.). A afetividade pode aparecer de várias formas, dependendo da história individual, do lugar e da cultura a qual a pessoa pertence.
           
            O beijo é uma das expressões de afetividade mais difundidas no nosso planeta. Ele carrega em si amplos significados. Quem melhor do que um poeta para falar sobre ele?tais. A internet é o nosso maior exemplo disso. Existe uma série de jogos, sites e programas que simulam uma ligação (ou conexão) entre as pessoas. Na vida real posso ter alguns amigos, mas no mundo virtual posso ter dezenas de amigos. Contudo sempre fica a questão: eles são meus amigos de verdade?

            Uma coisa é certa, uma pessoa precisa de proximidade afetiva com outra pessoa para se tornar um ser humano. Daí vem a importância do pai e da mãe (ou de quem toma esse lugar) para a continuidade da vida, ou seja, nós precisamos de alguém que nos alimente, nos aconchegue, nos acalente e nos aqueça. Até hoje não conseguiram inventar um computador que tenha afetividade.
           
            A afetividade é a manifestação de nossos sentimentos e emoções, que podem ser positivos (amor, amizade, ternura etc.) ou negativos (ódio, raiva, vingança etc.). A afetividade pode aparecer de várias formas, dependendo da história individual, do lugar e da cultura a qual a pessoa pertence.
           
            O beijo é uma das expressões de afetividade mais difundidas no nosso planeta. Ele carrega em si amplos significados. Quem melhor do que um poeta para falar sobre ele?

Soneto

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio
                                                          
                                                                                              Chico Buarque

Taciano Luiz 

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sentimento por Drummond

“Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transgride
na confluência do amor.”

    Meu poeta preferido é Carlos Drummond de Andrade, autor dos versos acima. Neles algo me fascina, e às vezes me pergunto porquê. Em sua genialidade, a mensagem não poderia ser simples, mesmo assim, me inspira confiança. Não que algo incrível precise ser difícil de entender... não é preciso filosofar apenas em Alemão... A genialidade de Lacan não está no fato de ser autor de leitura árdua.
    Sem mais rodeios, vamos pensar no versos... Começa falando de sua castração, se colocando numa posição humana frágil, demonstrando o real do corpo... “tenho apenas duas mãos”.
Mas neste ser tão meramente humano, cabe todo o sentimento do mundo – é como se sofresse de uma ultra sensibilidade, pois como seria possível uma coisa destas: todo o sentimento do mundo...  diria que toca o infinito.
    O terceiro verso se coloca em contradição aos anteriores – mas estou cheio de escravos – como assim? Cheio de pendências? Coisas que não têm liberdade? Desejos acorrentados, revolta...
“Escorrem as lembranças”, tantas coisas se passam pela mente de quem percebe todo o sentimento do mundo. Acredito que as experiências mais marcantes envolvem alguém que amamos, odiamos ou que despertam aquilo de que se trata o poema:  sentimentos. Muitos idosos descrevem certo cansaço por carregarem , ou guardarem, tantas lembranças.
    E num toque brilhante, os versos finais ligam a ideia inicial que remetia ao corpo a algo que vai além... sim, todo este sentimento e lembrança feita de matéria tão fluídica habita um corpo ardente, pulsante. E nada melhor de que o amor para explicar a união do corpo e da mente .  Eu disse explicar? Não sei o que é mais complicado – falar sobre o amor, ou sobre a dualidade  ou não, do corpo e da alma... enfim, acho que descobri o que me encanta nestes versos.