Farol Psicologia - Lins SP

A Farol Psicologia surgiu da idéia de criar um espaço para expor nosso trabalho como psicólogos e pensadores dos dias de hoje.
O farol é nossa inspiração, como um norteador no mar incerto, na incompletude.
Como psicólogos atuamos com as palavras, muitas vezes com o inacessível, e para isso buscamos na psicanálise, na psicologia, nas artes, na poesia, e outras "ciências" respostas, e por que não, mais perguntas.
Quem somos?

Mariana Rosa Cavalli Domingues

Psicologa Clínica e Judiciária
Psicóloga pela UEL, Especializada em Clinica Psicanalítica e Mestre em Filosofia pela UFSCar

@marircd

e
Taciano Luiz Coimbra Domingues

Psicólogo Clínico e Judiciário
Psicólogo pela UEL, Especializado em Terapia de Casal e de Família, Especializado em Terapia sexual e Mestre em Psicologia pela UNESP - Assis.


Rua José Garcia de Carvalho, 70 Lins - São Paulo,
tel.: (14) 99109 - 2016

segunda-feira, 9 de maio de 2022

A leitora curiosa cansada

Compartilho com vocês um pequeno texto poético e despretensioso;

 


A leitora curiosa cansada

 Mariana R C Domingues


A leitora da madrugada tentava vencer o sono com sua curiosidade pelas palavras que poderiam lhe fornecer o desconhecido.

As palavras em fileiras organizadas da esquerda pra direita, alinhadas e estruturalmente tornadas compreensíveis, com o passar das horas pareciam se embaralhar. Com esforço no olhar ela retornava ao início da frase, o que dizia mesmo? A leitora cansada começa a perceber que aquelas palavras não estão a lhe oferecer mais nada. Mas insiste.

Então de súbito, de uma ponta a outra da linha escrita, uma rede se forma e despeja palavras escondidas. Uma rede tal como as de se deitar. Realmente estava cansada aquela moça. Uma rede tecida sem linhas, mas apenas com aqueles significantes intrusos a dançar pela tela do computador, nas entrelinhas.  Não era uma rede cognitiva, mas precisava se libertar daquela cadeia não significativa. Não era uma rede social e nem afetiva. Num sonho talvez poderia se embalar, mas tomba-lhe a cabeça.

Num piscar de olhos tudo volta ao normal. O texto está inteiro ali a sua frente, desafiando sua resistência a dormir, sua resistência física de maratonista, resistindo à tentação de enredar-se numa rede de algodão, querendo manter-se no enredo daquele saber.

Uma coisa ficou clara naquela madrugada:  muitas palavras podem se esconder numa rede entrelinhas. 

 


Rede – peça de tecido resistente (de algodão, linho ou fibra) suspenso pelas extremidades, usado para dormir ou embalar.