Saudações!! Segue a minha
proposta de compartilhar ensaios que escrevi durante uma disciplina do
doutorado que estou fazendo em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem
(UNESP - Campus de Bauru). Nesse texto relacionamos os temas contidos no
título.
Pandemia,
Tecnologias Digitais e Escola
Estamos no meio de uma pandemia causada pelo vírus
Corona e na qual não existe uma previsão do seu término, aliás se isso vai ser
possível. O impacto da COVID 19 é tão relevante no momento atual que de acordo
com Chwarkz (2020) é o marco histórico para início do século XXI. Morin (2020) reflete
que a pandemia colocou várias questões em evidência: relações de poder, ação do
homem nas mudanças climáticas, desigualdade social, paradigmas científicos e
mesmo a educação escolar.
Não sejamos ingênuos, uma vez que a educação
escolar no Brasil já estava com grandes problemas antes dessa crise mundial. O
Índice de desenvolvimento da Educação Básica (BRASIL, 2019) em seus resultados
em 2019, já estava aquém das suas metas, as quais podemos concordar que são
modestas comparadas a outras nações do mundo.
Contudo
na pandemia uma questão se tornou extremamente relevante que é o uso de tecnologias
digitais na aprendizagem devido ao fechamento das escolas de forma presencial.
Habowski, Conte, Pugens (2020) explanam que tecnologias digitais são celulares,
computadores, aplicativos, internet etc. Essa discussão também não é atual,
principalmente sobre a sua presença nas instituições de ensino, sublinhamos em
2007, o governo de São Paulo sancionou a Lei nº 12.730 (MILAGRE, 2009) que
proibia celulares durante as aulas.
Entretanto
Vercelli (2020) esclarece que essa situação mudou com a COVID 19. Se antes era
uma discussão teórica e experimental, ela passou a ser uma prática cotidiana,
visto que a transmissão do vírus ocorre no contato físico, não sendo
recomendado as “aglomerações em salas de aula”.
O
uso de tecnologias digitais e virtuais na educação escolar suscitam várias
discussões entre os profissionais da área, as quais muitas vezes acabam numa
ótica maniqueísta (SILVA, 2006), construindo um binômio remoto X presencial;
tecnologias digitais X tecnologias tradicionais (material impresso, quadro
negro etc.). Não podemos esquecer que as crianças e jovens que estão cursando o
ensino fundamental e médio podem ser considerados nativos digitais, os quais construíram relações diferentes com as ferramentas
digitais, quando comparados com os imigrantes
digitais (VERZONI; LISBOA, 2015, p.459):
Os
nativos digitais, nascidos nas últimas décadas do século XX e início do século
XXI, desenvolveram-se com jogos de computador, videogames, câmeras,
reprodutores de música digitais, email, internet e celulares como elementos
fundamentais de sua rotina. Por terem nascido na era digital — e por isso
expostos desde o início às várias tecnologias —, estes jovens pensam, percebem
e reagem de forma diferente em relação aos seus predecessores, os imigrantes digitais.
Sobre
qual tecnologia é a melhor na educação escolar, numa perspectiva mais
integradora e entendendo a complexidade do ser humano (MORIN, 2007), tanto as
tecnologias digitais como as tradicionais são importantes para que a escola
cumpra o seu papel.
A
escola é uma instituição pertencente à sociedade e as tecnologias digitais
fazem parte da realidade contemporânea. A educação surge como possibilidade de
uma formação cultural problematizadora que articula racionalidade e
sensibilidade, na recriação e ressignificação do pensar e agir coletivo (HABOWSKI;
CONTE; PUGENS, 2020, P.31).
Dessa forma, as tecnologias digitais são
interessantes para a redução de custos, deslocamento e mesmo para a diminuição
do tráfego nas cidades. Também oferece acesso a informações de forma mais
rápida e eficiente, além de permitir que alunos que estão com alguma
dificuldade de locomoção possam assistir as aulas de forma remota (HABOWSKI;
CONTE; PUGENS, 2020). As aulas presenciais permitem um espaço de socialização e
aprendizagem para os alunos através da troca de experiências diretas,
promovendo o desenvolvimento de habilidades socioafetivas (COSTA et al., 2016).
Portanto consideramos que nem tanto o remoto e
nem tanto o presencial, podemos pensar o ensino híbrido como forma de somar o
que era positivo antes da pandemia e o que estamos aprendendo com a pandemia
com as tecnologias digitais. Todavia não devemos esquecer que o acesso a essas
ferramentas pelos nossos estudantes depende de fatores socioeconômicos, os quais
em nossos país, necessitam de transformações urgentes.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. 3.
ed. Porto Alegre: Sulina, 2007. 120p.