O
“dia internacional da mulher” me causa certo incomodo. Ainda muito jovem percebia
esse dia como uma troca de cumprimentos, flores e chocolates. Como parte de uma
geração já mais igualitária, muitas vezes nem percebia as ideologias de gênero
que permeiam a nossa sociedade. Mas estudar a feminilidade foi meu foco de
interesse por alguns anos e certa vez ouvi uma AMIGA feminista dizer que feliz
seria o dia em que não fosse necessário comemorar o dia da mulher. A partir deste comentário, o Dia da Mulher se
tornou uma data meio que de desgosto. Esse ano vi uma mensagem circulando nas
redes sociais que me chamou a atenção: “No dia 08 de março não dê florzinha nem
chocolates, dê respeito”. Aí sim! Gostei da mensagem, compartilhei em diversas
mídias. Porém, também não quis perder as flores e chocolates que eventualmente
pudesse ganhar... e acrescentei que aceitaria estes presentes durante todo o
ano. Neste ato percebo minha atitude considerada por alguns como feminina de querer tudo ao mesmo tempo: a
liberdade da camponesa e a majestade da princesa.
As
lembrancinhas bem intencionadas e cheias de afeto podem disfarçar as dores
desta data, mas as notícias escancaram o assunto. A mídia costuma mostrar que ainda é uma realidade o grande número de
ocorrências de violência doméstica, diferenças salariais, as vítimas de abuso e
exploração sexual, as vítimas da moda, a enorme quantidade de mulheres
sobrecarregadas, deprimidas, estressadas e com transtornos alimentares. E não
adianta mostrar, na sequencia, as histórias de algumas mulheres maravilhosas
que se sobressam e que também merecem uma reportagem como qualquer homem que o
faça.
Acredito
que, cada vez mais, nos distanciamos de uma sociedade dual que se divide entre
feminino e masculino. Não que acredite que as questões de gênero sejam
puramente culturais, mas a polarização vivida na família burguesa perde cada
vez mais seus admiradores. Mesmo assim, infelizmente ainda precisamos comemorar,
ou até mesmo lamentar esse dia. Ainda me parece necessário que seja falado
sobre a história que a humanidade vai desenhando em torno da função, do
tratamento, da atuação e responsabilidade das mulheres. Meu desejo nesta data é
que, pensando nas atrocidades e nos pequenos preconceitos ainda cometidas
contra as mulheres, possamos alcançar mais respeito.
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