Farol Psicologia - Lins SP

A Farol Psicologia surgiu da idéia de criar um espaço para expor nosso trabalho como psicólogos e pensadores dos dias de hoje.
O farol é nossa inspiração, como um norteador no mar incerto, na incompletude.
Como psicólogos atuamos com as palavras, muitas vezes com o inacessível, e para isso buscamos na psicanálise, na psicologia, nas artes, na poesia, e outras "ciências" respostas, e por que não, mais perguntas.
Quem somos?

Mariana Rosa Cavalli Domingues

Psicologa Clínica e Judiciária
Psicóloga pela UEL, Especializada em Clinica Psicanalítica e Mestre em Filosofia pela UFSCar

@marircd

e
Taciano Luiz Coimbra Domingues

Psicólogo Clínico e Judiciário
Psicólogo pela UEL, Especializado em Terapia de Casal e de Família, Especializado em Terapia sexual e Mestre em Psicologia pela UNESP - Assis.


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Saudosismo

Tornou-se um tema frequente entre psicólogos de diferentes abordagens a realização de análises sobre a atualidade. De fato, falar sobre a atualidade é matéria não só para psicólogos, mas também para sociólogos, filósofos e todos os interessados nas humanidades. E ainda, para complicar, a própria nomeação deste período coloca aos autores um desafio, já que não é unanimidade chamá-lo de pós-modernismo ou contemporaneidade, e existem aqueles que preferem fugir de qualquer termo.
Pensadores reconhecidos como a psicanalista Roudinesco escreveram sobre a versatilidade exaustiva e sobre a sensação de que tudo é descartável. Nesta linha, a depressão e a síndrome do pânico marcam as mudanças na psicopatologia atual. Ambas são fortemente ligadas à indústria farmacêutica e suas demandas por novos mercados.
Sennett também é autor indispensável quando se fala no assunto, descreve a solidão de uma sociedade cada vez mais individualizada e a frustração da busca pela essência. Além disso, a forma com que constrói suas análises baseadas nas características culturais e arquitetônicas através dos tempos tornam sua leitura muito prazerosa.
Alguns termos até se tornaram clichês tais como “a era da depressão”, “sociedade do vazio”, “geração prozac”, “sociedade do espetáculo” e tantos outros que colocam um clima de tensão no ar. Tais críticas pode levar algumas pessoas a desenvolveram sentimentos saudisistas... Ah! queria viver em outros tempos, na década de 1950 as grandes cidades brasileiras tinham qualidade de vida; as pessoas antigamente se cumprimentavam e tinham vida familiar mais intensa, etc. Não que estes comentários sejam falsos. Sim, os problemas da atualidade podem ser pensados a partir do que ficou pior quando comparados a tempos passados.
O fato é que sempre haverá algo de melhor e de pior em tempos anteriores. Acho que poucas mulheres da era de aquário gostariam de cozinhar no século XVIII, imagine cuidar das roupas... Só para citar problemas caseiros, pois também existiam graves problemas humanitários.
Um filme que aborda o tema de forma sutil e inteligente é o comentado “Meia noite em Paris” de Woody Allen, no qual o personagem principal idealiza a cidade das luzes nos anos 1920 e se surpreende ao perceber que, naquela época se enaltecia o fim do século anterior.
Pensar assim, só confirma o aspecto desejante do ser humano, como dizem os lacanianos. Mostra nossa capacidade de sempre querer mais e possivelmente estar descontente com algo.
Desta forma, o exercício de pensar sobre a contemporaneidade envolve descrever suas peculiaridades com todo o cuidado, porém sem esquecer as dificuldades dos tempos anteriores evitando assim, um saudosismo inocente.

Um comentário:

  1. Achei um barato esse filme do Woody Allen, e como uma mera dentista, sinto que o saudosismo está ficando mesmo um pouco presente na mente das pessoas , um passado vivido ou não ( como o caso do personagem do filme) torna- se uma zona de conforto para um indivídou atormentado pelos problemas do dia-a-dia. Oras, minha avó fazia "feliz e contente " bolos gostosos para suas filhas enquanto eu, no século xxI vou ter que passar na padaria correndo e comprar um bolo seco porque meu chefe me encheu de trabalho e não tenho tempo para essas coisas...... Claro que nessa hora eu me esqueço de todos os problemas q ela tinha .... Até mesmo usando o exemplo do bolo, hoje dificilmente compramos um ovo estragado, no tempo dela, as caixinhas de ovos vinham com data de validade?

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